Ao
 Setor 
de 
Marketing
 Social
 da 
Rede 
Globo
 de
Televisão
 Diretores 
Luiz 
Erlanger
e 
Albert
 Alcouloumbre
 


Assunto:

Manifestação
 do
 GT
 de
 Língua
 de
 Sinais,
 da
 Associação
 Nacional
 de
 Pesquisa 
e
 Pós‐Graduação 
em 
Linguística
(ANPOL)
e
 demais 
especialistas 
da

língua 
de 
sinais,
à 
publicação 
postada 
na 
página 
da 
Associação 
Brasileira
 de  Otorrino‐laringologia 
e 
Cirurgia 
Cérvico‐Facial
(ABORL‐CCF)


(cf.
http://www.aborlccf.org.br/conteudo/secao.asp?s=51&id=2092)


Os
 surdos
 brasileiros
 estão
 espalhados
 nos
 estados
 do
 país
 e
 formam
 a

Comunidade
 Surda
 Brasileira.
 Esses
 surdos
 usam
 a
 Língua
 Brasileira
 de

Sinais,
reconhecida
 oficialmente
 por meio 
da 
Lei 
de
 Libras
 10.436,
de
2002.

É 
uma 
língua 
que 
apresenta 
todas
as 
propriedades 
linguísticas
 de 
quaisquer

outras
 línguas
 humanas,
 ou
 seja,
 por
 meio
 dela
 é
 possível
 falar
 sobre

quaisquer
 assuntos
 (desde
 o
 mais
 trivial
 até
 o
 mais
 acadêmico,
 técnico
 e

científico).



Enquanto 
doutores 
especialistas 
da
 língua 
de 
sinais,
precisamos 
informar 
às

instituições
 públicas
 e
 privadas
 brasileiras
 que
 qualquer
 comunidade

linguística
 tem
 o
 direito
 de
 usar
 sua
 língua
 nativa,
 conforme
 previsto
 na

Declaração
 Universal
 dos
 Direitos
 Linguisticos
 ‐
 UNESCO
 (disponível
 em:

http://www.linguistic‐declaration.org/index.htm).


Conforme
 a
 Federação
 Mundial
 de
 Surdos,
 o
 Brasil
 é
 um
 dos
 países
 que

está
 mais
 avançado
 quanto
 às
 políticas
 linguísticas
 de
 reconhecimento
 da

língua
 de
 sinais
 pelo
 país.
 Portanto,
 estamos
 à
 frente
 de
 muitos
 outros

países,
por
 termos 
uma 
Lei
 que
 reconhece 
a 
Libras
 como 
língua 
nacional 
e

um
 decreto
 que
 a
 regulamenta
 ações
 concretas
 que
 a
 legitima
 (Decreto

5626/2005).


Portanto,
 a
 manifestação
 dos
 otorrinolaringologistas
 à
 REDE
 GLOBO,

dizendo
 que 
a
utilização 
da 
Libras 
na 
novela
“Cama 
de 
Gato”
é 
considerada

um
 “retrocesso”
 é
 improcedente!
 Pelo
 contrário,
 a
 REDE
 GLOBO,
 como
 já

fez
em 
outros
 momentos,
está 
incluindo uma 
das
 línguas 
nacionais 
do 
país

em
 suas
 novelas.
 Fazendo
 isso,
 a
 REDE
 GLOBO,
 além
 de
 incluir
 os
 surdos

brasileiros,
usuários
 da
 Libras,
na 
sociedade,
está
 reconhecendo 
o 
estatuto

linguístico
 social
 de
 grupo
 social
 minoritário
 que
 faz
 parte
 do
 país.
 Essa

atitude 
é 
louvável 
e 
representa,
sim,
uma 
postura
 atual 
e 
a tenta 
à 
realidade

brasileira.


Gostaríamos,
 ainda,
 de
 manifestar
 que,
 do
 ponto
 de
 vista
 linguístico,
 ser

bilíngue,
 apresenta
 uma
 série
 de
 vantagens.
 Os
 surdos
 brasileiros
 com

implante
 ou
 sem
 implante
 coclear,
 na
 sua
 grande
 maioria,
 são
 bilíngues,

tendo,
portanto,
a 
Libras 
e 
a 
Língua 
Portuguesa,
enquanto 
línguas.
Alguns

deles 
são 
multilíngues,
fluentes
 em
 Inglês 
e 
Língua 
de 
Sinais
 Americana.



Retrocesso 
é 
fadar
 surdos 
com
 implante
coclear 
a 
serem
 monolíngues,
pois,

considerando
 o 
estado 
atual 
de 
globalização 
em 
que 
se 
encontra 
o 
mundo

todo,
 as
 pessoas
 monolíngues
 encontram‐se
 em
 posições
 muito
 menos

privilegiadas
 socialmente.
 Portanto,
 reforçamos que o comentário dessa
equipe
 médica
 específica
 é
 inaceitável,
 e
 contraria
 as
 recomendações
 de

outras
 equipes
 médicas,
 como
 a
 de
 Isabelle
 Rapin,
 Medicine
 Doctor,
 do

Albert
 Einstein
 College
 of
 Medicine,
 Bronx,
 N.Y.,
 que
 recomenda

explicitamente
 que
 a
 língua
 de
 sinais
 seja
 usada
 como
 parte
 do
 programa

de 
reabilitação
 auditiva
de 
criança s
implantadas.


Há
 muitos
 otologistas
 no
 exterior
 que
 fazem
 uso
 da
 língua
 de
 sinais
 em

apoio
 a
 programas
 de
 reabilitação
 auditiva.
 Isso
 é
 recomendado

explicitamente
 na 
Enciclopédia 
Médica 
de 
Swaiman,
K.
F.
(1994).
Pediatric

Neurology:
Principles
and
practices
(2nd
ed.),
St.
Louis:
Mosby.
capítulo 
de

Isabelle
 Rapin:
Children
with
hearing
impairment.



Dr.
 Tarcísio
 Arantes
 Leite
 –
 Universidade
 Federal
 de
 Santa
 Catarina
 –

   Coordenador
 do 
Curso 
de
 Letras
 Libras
 Presencial

Dra.
Ana 
Claudia 
Baliero
 Lodi
–
Universidade 
Metodista 
de 
Piracicaba

Dra.
Regina 
Maria 
de 
Souza
–
Universidade 
de 
Campinas

Dr.
Leland 
MacCleary
–
Universidade
 de 
São
Paulo

Dra.
Wilma
 Favorito
‐
Curso
 Bilíngue
 de 
Pedagogia
 –
Instituto 
Nacional 
de

   Educação 
de 
Surdos
‐
INES

Dra.
Rossana 
Finau
–
Centro 
Federal 
de 
Educação
Teconologica 
do 
Paraná


Dra.
 Marianne
 Stumpf
 –
 Universidade
 Federal
 de
 Santa
 Catarina
 –

  Coordenadora
 do
 Curso
 de
 Letras
 Libras
 EAD
 e
 Representante
 da

  Federação 
Mundial 
de 
Surdos

Ms.
Myrna Salerno Monteiro – Universidade Federal do Rio de Janeiro

Dra.
Maria
 Cristina 
Pereira
–
Pontifícia
 Universidade 
Católica 
de
 São
Paulo
‐

  DERDIC

Dra.
Ana 
Regina
e 
Souza 
Campello
–
Universidade 
Federal 
de 
Santa 
Catarina

  –
Professora 
e
 Pesquisadora 
de
Libras

Dr.
Fernando 
Capovilla
–
Universidade 
de 
São
Paulo
‐
Ph D
em
 Psicologia 
e

  livre‐docente 
em
 Neuropsicologia 
Clínica

Dra.
Maria 
Cecília 
de 
Moura
‐
Pontifícia 
Universida de 
Católica 
de 
São
Paulo

Dra.
 Sandra
 Patrícia
 do
 Nascimento
 –
 Secretaria
 de
 Educação
 do
 Distrito

  Federal
(SEEDF),
Colaboradora 
na
 FENEIS‐DF

Dra.
 Clélia
 Regina
 Ramos
 
 ‐
 Membro
 do
 Comitê
 Brasileiro
 de
 Tecnologia

  Assistiva
 da
 CORDE
 e
 Pesquisadora
 Associada
 do
 PACC
 (Programa

  Avançado   
de 
Cultura 
Contemporânea)
da
Universidade
 Federal
 do
 Rio
de

  Janeiro


Dra.
Ronice 
Müller 
de
 Quadros
–
Universidade
 Federal
 de
 Santa
 Catarina

                                                                                 

                                                      11
de
novembro
de
2009



Comentários

Postagens mais visitadas